Orientações Nutricionais

Maria Amanda Frazão de Oliveira

Especialista em Nutrição Clínica – Metabolismo, Prática e Terapia Nutricional

Filtrar o sangue, eliminar as toxinas pela urina, produzir hormônios, fazer controle de eletrólitos, são algumas das funções renais.

Quando o paciente inicia a TRS – Terapia Renal Substitutiva, em alguns casos, os rins ainda realizam algumas funções. O acompanhamento dos resultados dos exames bioquímicos que são coletados mensalmente é importante para checar se o tratamento está sendo efetivo. De acordo com os resultados são estabelecidas as condutas necessárias para o controle bioquímico e proporcionar melhor qualidade de vida ao paciente.

O paciente renal crônico precisa ter cuidado com sua dieta, além dos diversos cuidados que precisa ter, mas 4 delas são essenciais para manter a qualidade de vida.

• Controle de Líquido:

Para pessoas saudáveis, recomenda-se consumir pelo menos 2 litros de água por dia. Quando a pessoa começa a fazer hemodiálise, a recomendação muda de acordo com o volume urinário. Quanto mais o paciente urinar, mais líquido pode consumir, quanto menos urinar, menor o consumo de LÍQUIDO. Exatamente, líquido e não apenas água. Porque líquido é tudo que contem água: café com leite, suco, caldos, mingau, sopa, vitamina, gelatina…  que vai água na composição. Por isso, a restrição de líquido é indicada. Pois uma das funções do rim é filtrar e eliminar o excesso de líquido e toxinas no sangue. Então se o rim não consegue exercer essa função, todo líquido que for consumido, parte vai ser eliminado (caso ainda tenha função renal residual) e outra parte vai ficar retido. Isso é perigoso, pois o líquido que fica armazenado se distribui pelo corpo e se em excesso, pode prejudicar pulmões e coração.

• Ingestão de sal/Sódio:

Se faz necessário o cuidado com o consumo de sal/sódio, pois tal consumo gera a sede e consequentemente ocorre a ingesta de líquidos, fazendo com que haja o ganho de peso interdialítico, além de elevar a pressão arterial

Dê preferências para temperos naturais (alho, cebola, cheiro verde, salsinha, cebolinha, hortelã, manjericão…) apenas tendo cuidado com o Tomate, que é rico em potássio.

Evite consumo de:

• Temperos industrializados (Sazon, caldo de carne, Ajinomoto, tempero completo, entre outros);
• Embutidos em geral – presunto, mortadela, bacon, linguiça, salame, salsicha.

• Peixes processados e salgados: sardinha, atum, salmão, bacalhau, aliche e carne seca.
• Queijos em geral, exceto ricota e queijo minas fresco.
• Enlatados em conserva, como milho, ervilha, azeitonas, picles, palmito.
• Margarina ou manteiga com sal.
• Temperos e molhos prontos.
• Sopas e alimentos de pacote.

• Potássio

Cuidado com o potássio, pois ele está relacionado com as contrações musculares, já que o nosso coração é um músculo, caso o potássio esteja elevado, ele poderá trazer problemas cardíacos graves.

O potássio está presente em praticamente todos os alimentos. Sendo que em alguns tem mais e em outros tem menos. Sendo assim, temos que consumir aqueles que tem menos e evitar os que possuem mais.

*MÉTODO PARA REDUZIR POTÁSSIO DOS ALIMENTOS

• Usar vegetais frescos;
• Descascar, picar na maior quantidade possível, em fatias pequenas/finas e deixar de molho/enxaguá-los;
• Cozinhar os alimentos em uma panela com bastante água morna/fervente, por pelo menos 20 minutos;
• Escorrer e enxaguar novamente e finalizar o cozimento;
• Depois de cozidos na água (NUNCA no vapor), escorrer os vegetais e jogar a água fora;
• A partir disso, os alimentos podem ser usados de várias maneiras, como amassados (purê), molhos, saladas, refogados, etc.

OBS: O feijão deve ser deixado de molho de um dia pro outro, em grande quantidade de água, para que além dele absorvê-la, exceda água para desprezá-la. Depois ferva/escalde o feijão por 20 minutos, despreze novamente a água e termine o cozimento na panela de pressão.

• Fósforo

O fósforo é um mineral presente principalmente nos alimentos de origem animal e junto com o cálcio, tem função de ajudar a manter os ossos fortes e saudáveis.

A hiperfosfatemia (excesso de fósforo no sangue) pode causar sintomas desagradáveis como prurido (coceira) leve/intenso, dores/fragilidade óssea com possibilidades de fraturas ou deformidades a longo prazo. Altos níveis de fósforo também estão relacionados com arteriosclerose (enrijecimento das artérias), doença cardiovascular, acidentes vasculares cerebrais, e má circulação.

As principais fontes de fósforo são:

Carnes em geral – peixe, frango, porco, boi.

Alto teor de fósforo: sardinha (enlatados em geral), frutos do mar, miúdos/vísceras, embutidos (linguiça, salsicha, presunto, mortadela, salame, peito de perú

, charque, bacon…)

Leite e derivados – queijos, manteiga, iogurte, doce de leite, sorvete, chocolate, creme de leite e leite condensado (alimentos em geral que contenham esses ingredientes).

Oleaginosas – amendoim, castanha, nozes, amêndoas, avelãs, todas com alto teor de fósforo

Ovos

Grãos – feijão, ervilha, lentilha, grão-de-bico, soja

Refrigerantes a base de cola (alto teor de fósforo)

Cervejas (alto teor de fósforo)

OBS: Não coma carambola e não tome o suco natural da fruta, pois contém uma substância tóxica para os portadores de doença renal. Entre as manifestações destacam-se soluços, vômitos, fraqueza muscular, insônia, distúrbio de consciência, agitação, convulsão e morte. Inicialmente os sintomas eram vistos em pacientes que estavam em programa de diálise, porém, diversos estudos também mostraram o mesmo ocorrendo em pacientes em tratamento conservador.

FONTE:

-Sociedade Brasileira de Nefrologia – tratamentos / orientações nutricionais.